O offboarding é um momento da jornada do colaborador que deve ser acompanhado de perto pelo RH. Na entrevista deste mês, conversamos com Karin Parodi, fundadora e CEO da Career Center e da Wave People & Business, para entender como garantir o offboarding humanizado e quais as vantagens desta prática. Confira!
Apesar de ainda não ter a atenção de muitos gestores e profissionais de RH, o momento da saída de um colaborador da empresa pode trazer insights valiosos para a organização. Além disso, construir um processo de offboarding humanizado é determinante para a marca empregadora.
Não é à toa que diversas empresas têm investido no desenvolvimento de práticas voltadas para o offboarding, considerando diferentes cenários. Se você deseja fazer o mesmo na sua empresa e não sabe por onde começar, confira as dicas da especialista Karin Parodi sobre o assunto, nesta entrevista exclusiva para a Factorial. Vamos lá?
1. Antes de mais nada, queremos saber mais sobre a sua trajetória profissional. Como você chegou aonde está hoje?
Minha trajetória profissional começou aos 16 anos, pois sempre busquei independência financeira. Após me formar em psicologia, optei em atuar em Recursos Humanos tendo iniciado minha carreira como estagiária em recrutamento e seleção na Kibon. Em seguida, ingressei como trainee da antiga Coopers&Lybrand, atual PWC, na área de consultoria de RH e fiquei por lá 7 anos.
Busquei me desenvolver e fui atuar na consultoria em Outplacement DBM, assessorando de gerentes a C-Levels em transição de carreira e coaching. Optei por um projeto pessoal e fui morar por 2 anos nos Estados Unidos com a família e me especializei em consultoria em Carreira na Oklahoma University.
Voltando ao Brasil em 2000, montei a Career Center empresa de consultoria especializada em transição de carreira e no desenvolvimento da jornada dos profissionais nas organizações. Em 2021 fiz uma fusão entre a Career Center e a Meu Entrevistador e foi criado o Career Group.
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2. O que é uma gestão humanizada para você? Como um líder pode aplicar este conceito na prática, no dia a dia?
Gestão humanizada é entender que somos humanos e que não se pode dividir o colaborador entre o pessoal e profissional. É entender que não somos robôs e que sim, temos emoções, sonhos, objetivos e nossos limites.
O líder humanizado está próximo da equipe, conhece seus liderados e tem um canal aberto de comunicação. Deve saber avaliar, dar tanto feedback positivo, quanto às oportunidades de desenvolvimento de cada um da sua equipe, e não somente uma vez por ano.
Além disso, é importante saber conduzir conversas de carreira e como direcionar melhor suas equipes em busca de oportunidades de crescimento. O líder tem que conhecer muito bem a cultura da organização e praticar seus valores. Temos uma expressão em inglês que sintetiza: “ Walk the Talk”. A maioria das pessoas que saem das empresas não querem deixar suas empresas e sim seus líderes.
3. Neste contexto, o conceito de offboarding humanizado tem se tornado cada vez mais conhecido pelos gestores. Qual o motivo para isso? E o que significa humanizar o processo de offboarding?
Sem dúvida o offboarding veio para ficar. No passado o benefício de outplacement era oferecido para líderes, em especial gerentes, diretores e presidentes. As empresas entenderam que o mundo vem mudando. Em especial pós pandemia, onde todos os níveis das organizações foram afetados por reestruturações.
Humanizar é tratar o profissional demitido com respeito, transparência e um apoio especializado para que ele possa se recolocar mais rapidamente no mercado. É querer que o profissional consiga dar um novo passo e tenha sucesso.
4. Quais as principais etapas para garantir um offboarding humanizado?
Tudo começa com o planejamento da demissão, comunicação transparente, respeito, empatia e apoio. Uma demissão, independentemente se ela já é esperada ou não, gera impacto na família, finanças e sociedade.
5. Lidar com processo de offboarding exige muita responsabilidade. Qual o papel do RH nesse momento? E o do gestor?
O RH tem que ser parceiro, escolhendo uma empresa que ofereça todo expertise em offboarding com qualidade, pois é um assunto delicado tanto para o gestor quanto para a pessoa afetada. Também é importante apoiar o gestor em suas dúvidas, ser um guardião da coerência em relação às pessoas.
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6. Como convencer a liderança sobre a importância de garantir um offboarding humanizado?
Para a liderança esse é também um momento delicado. Ninguém gosta de demitir. É um dos papéis mais difíceis do líder. Se bem conduzido, ok, a pessoa irá entender e logo se engajar na busca de uma nova oportunidade. Caso não seja bem conduzido, irá afetar a autoestima do profissional, a imagem da organização para quem fica e para a atração de novos colaboradores. Para isso existem treinamentos para líderes de como conduzir uma reunião de demissão.
7. O offboarding humanizado pode trazer importantes feedbacks para as empresas. Que métodos, ferramentas ou práticas ajudam a entender os pontos de melhoria da organização?
Sem dúvida uma ferramenta é a entrevista de desligamento, também monitorar o que é publicado nas mídias sociais e portais e pesquisas sobre marca empregadora.
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8. Por fim, quais as tendências no que diz respeito aos processos de offboarding? Na sua opinião, o que ainda pode ser melhorado?
O offboarding veio para ficar e a pandemia teve um papel importante nessa prática. As pessoas repensarem suas vidas, a relação com as empresas e líderes. Atrair e reter passou a ser um desafio para muitas empresas. O humano ocupou o espaço que já deveria ter sido ocupado. Houve uma tomada de consciência sobre o que significa o trabalho para cada um e o que se busca daqui para frente.
Sempre podemos melhorar as práticas de RH. No entanto, saber conduzir o processo de forma respeitosa, empática e transparente com um apoio especializado fará muita diferença tanto para a organização, colaborador e ex-colaborador.
🔎 Conheça a entrevistada
Karin Parodi é fundadora e CEO da Career Center e da Wave People & Busines, além de Colunista do jornal Valor Econômico. Possui experiência de mais de 28 anos em gestão de carreira no apoio de CEOs, altos executivos e na elaboração de projetos de Recursos Humanos. Palestrante e debatedora convidada em eventos internacionais de management, Idealizadora do programa de Gestão Estratégica em RH na ManagemenTV.