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Saúde mental no trabalho – Entrevista com Whiny Fernandes

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6 minutos de leitura
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Estamos em 2021 e o tema da saúde mental no trabalho se mostra cada vez mais recorrente no setor de RH. Isso acontece porque já se sabe o quanto esse tema tem um impacto enorme no desempenho dos colaboradores. E como consequência dessa queda da produtividade brusca, todos na empresa acabam sofrendo.

Portanto, melhorar a qualidade de vida dos colaboradores se tornou a pauta principal de muitas gestões ao redor do mundo. E hoje, podemos ver os resultados positivos dessa iniciativa. Por exemplo, cada vez mais empresas separam uma parte do seu budget para investir em soluções de salário emocional como parte da estratégia de melhoria de saúde mental no trabalho e Employer Branding.

Pensando sobre a relevância do tema no trabalho e na vida dos colaboradores como um todo, convidamos Whiny Fernandes, Co-founder do Employer Branding Brasil para falar sobre saúde mental no trabalho e sugerir soluções que possam ajudar a sua empresa a investir mais no que realmente importa: as pessoas.

 

1. Para dar início a nossa entrevista, gostaria que você comentasse um pouco sobre sua trajetória profissional como Co-founder da Employer Branding Brasil. O que te motivou a dar início a esse projeto e quais foram os maiores desafios?

A Employer Branding Brasil é uma iniciativa minha, do Caio Infante e Suzie Clavery. Somos pessoas apaixonadas pela gestão estratégica de marca empregadora. Acreditamos que a reputação de uma marca tem forte influência na vida e na experiência das pessoas.

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Ajudamos empresas e profissionais a se desenvolverem na gestão de marca empregadora aliada aos objetivos de negócios. Assim, proporcionando experiências positivas para os talentos no ambiente de trabalho, sejam eles candidatos ou colaboradores.

O tema Employer Branding por ser muito novo no Brasil, possui pouquíssimos conteúdos em português e profissionais de fato com experiência comprovada no tema. Portanto, a combinação entre as experiências diversas de nós, os fundadores, contribui para uma comunidade mais educativa e mais respeitada. Além de ser a maior comunidade sobre Employer Branding no País.

Queremos reunir pessoas interessadas em temas relacionados à Employer Branding, Employee Experience e estratégias de atração de talentos. De modo a facilitar a divulgação de boas práticas e incentivar a colaboração entre os profissionais que trabalham na construção da marca empregadora de suas organizações.

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2. Mais recentemente, como o tema da saúde mental no trabalho se tornou parte dessa sua trajetória?

Sou formada em Psicologia e minha experiência profissional sempre foi voltada à área de atração de talentos. Então, o cuidado e a experiência com o outro sempre foram muito importantes para mim. Portanto, a saúde mental está diretamente ligada a isso.

Sabemos que o ano de 2020 intensificou o desafio das empresas e dos líderes com a pandemia, trabalho remoto e uma economia instável. Fato que trouxe incertezas e gerou ainda mais ansiedade nas pessoas durante esses tempos difíceis.

No ano passado, uma pessoa muito próxima a mim, logo após de se mudar para outro país a trabalho teve a sua saúde mental abalada e foi diagnosticada com depressão. Depois disso, avisou o líder responsável, mas como qualquer outra doença, o tratamento é lento. Como consequência, esse colaborador teve seu desempenho afetado e a empresa alegou não ter tempo para esperar a recuperação. Enfim, a pessoa foi desligada.

Essa história eu não ouvi alguém contar. Eu presenciei e vi os impactos diretos à saúde mental da pessoa que isso ocasionou. E isso me motivou ainda mais a buscar conhecimentos e a escrever sobre.

Tenho um artigo publicado no Estadão com o título: As empresas e a liderança estão preparadas para lidar com um profissional com depressão? onde conto um pouco mais sobre o assunto.

3. Qual o papel da liderança nas empresas quando um colaborador está com sua saúde mental no trabalho abalada? E qual a melhor forma de auxiliar os colaboradores a dar o primeiro passo para solucionar esse tipo de problema?

A liderança provavelmente vai perceber que o funcionário está com problemas de saúde mental apenas quando uma pessoa da equipe já está com o desempenho abaixo do esperado. O importante fé falar diretamente  com a pessoa liderada, ao invés de falar delas.

Muitas vezes, o líder já percebeu mudanças no comportamento e impacto nos resultados. Portanto, tentar criar uma relação de confiança e momentos propícios para falar sobre esse tema, afinal, é provável que a pessoa primeiro fale com você antes de falar com o time de RH. São temas complexos e desconfortáveis, mas a comodidade do líder não importa nesse momento.

É comum ver as empresas falando sobre saúde mental, promovendo ações de prevenção de doenças e até apresentando novas soluções que ajudam no tratamento delas. Isso tudo, ganha cada vez mais importância,  pois é uma pauta que precisa fazer parte da estratégia do negócio. Além de treinamento com a liderança demonstrar benefícios claros.

O primeiro passo para saber se os colaboradores estão com a sua saúde mental abalada é não esperar que o aviso venha deles ou que eles digam a você o que precisam. Isso significa que tanto a empresa quanto a liderança, precisam ser proativas.

Por exemplo, avaliar se faz sentido oferecer ações de salário emocional como horários flexíveis. Ou ainda, começar a jornada mais tarde do que de costume, garantindo que está cumprindo a carga horária.

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Lembre-se que quando uma pessoa tem sua saúde mental comprometida com a depressão, isso tem impacto no sono. Em alguns casos, aparece a dificuldade de sair da cama. Portanto, flexibilizar o registro de ponto vai diminuir a pressão e pode ser uma forma de ajudar a pessoa a conseguir alcançar seus objetivos a tempo.

Outra opção por parte da liderança na prática é tentar reformular as metas. De modo a fazer um acompanhamento mais próximo, dividir as metas por fases, ou até mesmo efetuar a mudança de projetos. Mas claro, com tudo alinhado entre todos os envolvidos.

O cenário não é simples e não existem fórmulas para o sucesso. O que existe são pessoas com empatia e líderes vulneráveis. René Brown, em seu livro diz: É preciso coragem para ser vulnerável, não tenha medo, você pode impactar diretamente na vida do outro.

 

4. Refletindo sobre os impactos causados pela pandemia na vida e no desempenho dos colaboradores, quais foram as estratégias de salário emocional que mais se destacaram para você?  Poderia nos dar alguns exemplos de sucesso na prática?

 

Incentivos a consultas com psicólogos, comunicação frequente e treinamentos de maneira geral são práticas  de salário emocional que parecem tão simples, mas que as empresas que realizam de forma genuína, realmente fazem a diferença na vida dos funcionários.

 

5. Sobre investir em políticas de salário emocional para melhorar a saúde mental no trabalho, qual a relação de custo-benefício a curto e a longo prazo?

Existe um estudo de 2016 da London School of Economics feito em oito países, que indica um um prejuízo anual estimado em todo o mundo de US$ 246 bilhões (cerca de R$ 800 bilhões). Esse prejuízo causado nas empresas  representa a consequência do elevado número de colaboradores com doenças relacionadas à saúde mental, os quais têm sua performance drasticamente reduzida.

O estudo também diz que o Brasil é o segundo país com maior valor em perdas ligadas à depressão no trabalho com US$ 63,3 bilhões (R$ 206 bilhões). Está atrás apenas dos EUA com US$ 84,7 bilhões. Além disso, os colaboradores de empresas que investem em seu bem-estar, demonstram um impacto positivo na sua produtividade.

Por fim, segundo segundo a OMS, a cada US$1 investido em saúde e salário emocional, empresas têm um retorno de US$4. Além disso, reconhecem a melhora no clima da empresa, no relacionamento com colegas e sentem melhoria na qualidade de vida dos colaboradores de uma maneira geral.


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BIO

Whiny Fernandes é formada em Psicologia e Gestão de Recursos Humanos pela FMU. Começou sua carreira profissional no e-commerce Groupon, com recrutamento e seleção. Em 2017 se juntou a Fintech Creditas, sendo responsável por Talent Acquisition e Employer Branding, com a missão de contratar grandes talentos, construindo um ambiente diverso, triplicando o número de tripulantes em um ano. A empresa se tornou uma das empresas mais amadas para se trabalhar e ficou recentemente em segundo lugar nas Top Startups Linkedin.

Mariana P. é parte do time de Content Marketing da Factorial. Acredita que copywriting é mais do que contar histórias. É também diversificar conhecimento para que todos tenham acesso. Depois de viver em diferentes países e trabalhar com B2C e B2B, percebeu que o setor de Recursos Humanos é parte fundamental para a transformação e o crescimento das pessoas dentro de uma organização.

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