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Mentoring profissional: entrevista com Ana Bracarense

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5 minutos de leitura
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Que tipo de mentoring profissional realmente faz a diferença? Como o mentoring profissional pode ajudar na melhoria da produtividade nas empresas na prática? Muitos gestores ainda se perguntam se vale a pena ou não investir em mentorias especializadas para os seus colaboradores. Veja nesta entrevista como e quando aplicar o mentoring nas empresas.

O Mentoring profissional reúne técnicas e informações sobre People Analytics  com o foco em desenvolver competências para determinada equipe ou funcionário. Dessa forma, o Mentoring analisa e reconhece que tipo de treinamento ou ação deve ser tomada para se chegar nos objetivos e metas com melhores resultados.

Além disso, sabe-se que as empresas que investem em mentoring profissional apresentam maior retenção de talentos, melhores indicadores de performance, saúde mental e sentimento de pertencimento e capacitação.

Reduzir as barreiras dentro do ambiente de trabalho também é parte das tarefas de um gestor que tenha senso de liderança. O mentoring correto gera maior motivação entre os colaboradores, que acabam produzindo com maior eficácia.

Por isso, convidamos Ana Bracarense para falar sobre um tipo de mentoring que está ganhando bastante espaço no setor de gestão de pessoas e Recursos Humanos no Brasil atualmente. A Ana é consultora de mentoring e treinamento para Pessoas com Deficiência e CEO da Click Consultoria.

Leia a entrevista na íntegra e entenda como recrutamento e seleção de profissionais PcD pode colaborar com o crescimento da sua empresa, aproveitando os melhores talentos do mercado de trabalho.

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1)   Depois de algumas experiências frustrantes no mercado de trabalho, você decidiu abrir a sua própria empresa de consultoria chamada Click Consultoria PcD. Poderia comentar como foi esse processo de se tornar CEO?

Resolvi me tornar CEO da Click Consultoria, por causa dos momentos bons e ruins que passei em diferentes empresas. Outro ponto foi o pessoal de RH estar sempre me solicitando no dia-a-dia. Onde pude adquirir experiências com recrutamento e seleção e também pude perceber que sou muito boa para realizar treinamentos.

Além disso, decidi contar minha própria história de superação sobre o meu acidente até o presente momento. Comecei a dar palestras e escrever textos de acordo com as situações que aconteciam comigo.

Dessa forma, tento criar uma consciência entre as pessoas de como é difícil ser PcD no Brasil. Seja por falta de acessibilidade ou de empatia. E atualmente, eu consegui reconhecimento de muitas pessoas com o meu trabalho. Cada vez mais empresas estão buscando minha palestra de superação e meus treinamentos e mentoring.

2)   Qual a importância desse tipo de mentoring mais especializado no mercado hoje?

Existe uma urgência no mercado hoje que “obriga” muitas empresas, a querer contratar uma Pessoa com Deficiência sem nenhum tipo de preparo. Muitos gestores de RH têm medo ou receio de entrevistar um candidato PcD.

Às vezes não existe um preparo nem para saber como olhar uma pessoa, por exemplo que seja desprovida de algum membro. Ou por não conhecer libras, etc. Agora, uma pessoa PcD e com experiência como eu, pode ajudar e facilitar o processo de recrutamento e seleção.

3) Quando as empresas buscam o seu mentoring, quais são os tipos mais buscados? E por quê você acha isso?

Anteriormente, os cursos de mentoring mais buscados eram voltados para recrutamento e seleção de PcDs. Contudo, hoje, as empresas buscam mais mentoria e treinamento para gestores, líderes saberem como fazer uma liderança mais inclusiva e humanizada. E ao mesmo tempo para os colaboradores saberem como se portar diante de seus colegas PcD.

4)    Quais são os principais aspectos do mentoring profissional que os líderes de equipe têm que levar em conta na hora do planejamento estratégico da empresa?

O mais importante nesse momento é saber organizar e comunicar o papel que cada colaborador vai executar. Além de saber passar as informações e instruções  adequadas e indicar um gestor para cada equipe. Logo, é hora de avaliar se os objetivos e metas estão claros para todos.

5)    Sobre a Lei de Cotas para pessoas com deficiência, quais são os tipos de deficiência que a lei abrange? E quais são as medidas que devem ser tomadas por todas as empresas para acolher esses profissionais?

Os tipos de deficiência abrangidos por lei são: Deficiência Auditiva, Deficiência Visual, Deficiência Física, Deficiência Intelectual, Deficiência Múltipla, Autismo na Lei de Cotas, entre outras.

Já as medidas a serem tomadas tem haver com a estrutura física do ambiente de trabalho e o acolhimento por parte do corpo de funcionários. Uma forma de fazer isso é implementar a acessibilidade. De modo que a empresa tem que se tornar acessível em todos os lugares por onde os colaboradores transitam.

6)    Qual é a primeira etapa na hora de planejar um treinamento ou mentoring profissional para um colaborador? Como identificar quando é o melhor momento para fazê-lo?

A empresa tem que verificar quais funcionários estão tendo menor desempenho e menor interação com sua equipe.  Essa é a hora de contratar para melhorá-los. E uma das formas eficazes de  identificar é observar e avaliar o desempenho dos funcionários. Através de avaliações de desempenho comparando com os meses anteriores.

Uma vez tendo os resultados em mãos, marque uma reunião one-to-one com o funcionário  para saber como está esse momento da vida dele.  Converse com ele, pois talvez seja só um momento ruim que ele esteja passando na vida pessoal. Contudo, pode ser o caso de um treinamento mais especializado.

7)    O que você enxerga como problemas na hora de criar um plano de carreira para as PcD? E o que pode ser feito para solucioná-los?

A maioria das empresas e gestores vêm as PcDs somente para “cumprir cota” e nada mais. Eles não enxergam as suas capacidades e habilidades com o trabalho executado.

Isso faz com que seja difícil na hora de escolher qual funcionário merece crescer dentro da empresa. Então o primeiro passo seria mudar a forma como esse funcionário é visto. Da mesma forma, é importante incentivar funções com chance de crescimento e desenvolver um plano de carreira.

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8)    Qual o papel da avaliação de desempenho nos processos de treinamento e o uso da tecnologia nestes processos atualmente?

Como comentado anteriormente, a avaliação de desempenho tem o papel de mostrar que essas habilidades e capacidades podem ser melhor desenvolvidas com os treinamentos, por exemplo.  Isso pode ajudar os colaboradores PcDs a ter maiores chances de ter cargos maiores.

9)    Poderia compartilhar um caso de sucesso de uma empresa que optou por investir em profissionais PcD, não para cumprir cotas, mas por acreditar no seu potencial?

Eu mesma sou um caso de sucesso. Pois eu trabalhei durante 5 anos em uma determinada empresa e meu supervisor me dava total apoio e me dava autonomia para tomada de decisões.

Eu fui muito solicitada, requisitada e também fui muito indicada tanto pelo meu gestor quanto pelos funcionários que eu trabalhava diretamente. Não somente no escritório que eu trabalhava, mas também para as filiais. Muitos gestores, diretores e funcionários me procuravam para ajudá-los.

10)  Quais são seus projetos futuros? E como você vê o crescimento dos PcDS no mercado de trabalho nos próximos anos?

Meus projetos já estão em andamento. Principalmente com o treinamento para gestores, líderes e colaboradores que irão trabalhar direta ou indiretamente com PcDs. Além de ministrar palestras motivacionais sobre o meu acidente e minha superação.

Além disso, eu ajudo empresas/funcionários, a alcançarem maior produtividade através do Método Click Engajar. Busco criar um elo entre empresas e profissionais PcDs, criando relações que agreguem qualidade de vida para pessoas e geração de valor para empresas. E também melhorar a autoestima das pessoas para que elas consigam ser melhores tanto na vida pessoal quanto na profissional.

BIO

Ana Bracarense é Profissional na área de PcDs (Pessoas com Deficiência) e consultora sobre o tema. Formada em Matemática, em Administração de Empresas e Pós-graduada em Logística. Desde de 2008 com experiência profissional atuando no suporte ao recrutamento e seleção de PcD nas empresas. Atualmente atuando pela Click Consultoria orientando colegas a identificarem as competências dos profissionais PcD. Além de auxiliar empresas/colaboradores a alcançarem maior produtividade através do Método Click Engajar. Sempre buscando agregar qualidade de vida e melhorar a autoestima, através de uma reestruturação profissional.

Mariana P. é parte do time de Content Marketing da Factorial. Acredita que copywriting é mais do que contar histórias. É também diversificar conhecimento para que todos tenham acesso. Depois de viver em diferentes países e trabalhar com B2C e B2B, percebeu que o setor de Recursos Humanos é parte fundamental para a transformação e o crescimento das pessoas dentro de uma organização.

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