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Remuneração e benefícios: fatores decisivos que ganharam visibilidade

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8 minutos de leitura
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Uma das maiores cooperativas do Brasil e do mundo, a Unimed revolucionou o modo de prestar assistência médica e introduziu um novo modelo de planos de saúde. Ao mesmo tempo, a organização é uma das que mais aposta em inovação, seja na parte tecnológica quanto na gestão de pessoas com seus colaboradores. E uma das áreas que mais tem impacto é remuneração e benefícios. Pilares das práticas de RH e fator chave quando um colaborador tem a oportunidade de avaliar esse fator.

Com a pandemia, esse foi um dos temas que mais ficou em alta. Afinal, empresas tiveram que adaptar seus processos, em especial, para o trabalho home office. Essa flexibilização já estava no planejamento de empresas como a Unimed. Para contar sobre remuneração e benefícios, assim como transformações no RH, convidamos a Denise Brasil, Coordenadora de Remuneração e Inteligência na Unimed BH. Leia a entrevista abaixo.

Pode nos contar sobre sua experiência e função na Unimed Belo Horizonte?

D: Faz 1 ano e 10 meses que estou na Unimed BH, tenho 17 anos de atuação na gestão de recursos humanos, com os últimos 10 anos voltados para a área de benefícios e remuneração e parte de desenvolvimento. Aqui na Unimed, trabalho na área de cultura e desenvolvimento humano e organizacional, redesenhando a remuneração total da companhia, em alinhamento à estratégia e cultura da cooperativa, além de outros projetos de desenvolvimento humano e indicadores.

Nesse projeto, temos a implementação de um novo sistema de processos de RH: recruiting, admissão/demissão, avaliação de desempenho, e temos também o projeto de cultura. Um projeto grande que começou em 2018, as primeiras conversas em 2017, e chamamos uma consultoria, que nestes últimos dois anos vieram trabalhar com a gente. Toda a governança da cultura está dentro da minha área, linkada com a parte estratégica da Unimed e temos muitos processos sendo discutidos. Tanto de RH quanto da organização para alcançar essa cultura desejada.

Além disso, somos uma empresa que fomenta muito a inovação. Nesta pandemia conseguimos colocar em pouco tempo a telemedicina, que é o processo de consulta online – o que já era estudado e previsto – mas, com a chegada da pandemia, se fez muito necessária.

Fomos tão bem sucedidos que cedemos a tecnologia para a prefeitura de Belo Horizonte aplicar nos SUS. Um trabalho que deu um orgulho para todos nós, a gente poder ceder num momento desse fez muita diferença. Hoje, temos uma telemedicina funcionando a todo vapor. E é muito bom fazer parte disso, estar em um lugar que tem esse tipo de agenda,  que nos fez ser referência na atuação na pandemia e participante oficial do Fórum Econômico Mundial esse ano!

Deve ter sido um desafio grande estar em uma organização que trata de saúde em um momento de crise e implementar um novo tipo de tecnologia.

Você foi uma das responsáveis por implementar um sistema de RH e por isso, gostaria de saber de onde veio a demanda e quais foram os resultados da implementação.

D: Essa demanda havia antes de chegar aqui, tínhamos processos muitos operacionais e descentralizados de uma forma que a liderança não conseguia acessar as informações e ter autonomia nos processos de uma maneira que gostaríamos de ter.

Então, cada processo era segmentado em um sistema diferente, o que demandava mais tempo e demoravam as informações pra chegar na liderança. Pensando nisso, um sistema mais veloz, integrado e online, tornaria a gestão de pessoas menos morosa, portanto buscamos um sistema que nos atendesse isso. Alguns sistemas ficaram de fora, como relógio de ponto, folha de pagamento, mas os principais processos que o líder tem acesso, estão integrados em uma ferramenta só e conseguimos tirar as informações na hora que precisamos.

 

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Sobre remuneração e benefícios, quais são os pilares de uma política que faz a diferença?

D: O princípio básico de remuneração é se alinhar ao que o mercado pratica, então a gente mira em empresas do mesmo porte, com o mesmo faturamento, tamanho ou até do mesmo segmento como orientador. Uma técnica de remuneração das mais utilizadas.

Mas, a gente precisa ter uma política que seja compatível com o que o mercado paga de remuneração fixa e precisamos ter uma parte de remuneração variável que seja relacionada com resultados de curto e médio prazo.

Então, a gente não tem visto tantos benefícios de longo prazo, que são para um grupo específico de executivos, mas o que abrange os objetivos de curto prazo, incentivos de PLR (Participação nos Lucros ou Resultados), PPR (Participação nos Resultados), que compõem bem o pacote de remuneração.

E você tocou em um assunto importante, a parte de benefícios. Ela precisa ser cada vez mais cuidada, primeiro que salário é importante, mas benefício também é importante e faz diferença na vida das pessoas. Nas principais pesquisas sobre o tema, há uma tendência de uma alta valorização por parte dos colaboradores por benefícios que trazem qualidade de vida e segurança.

No topo, diria que o plano de saúde é percebido como um grande valor para as pessoas, no Brasil sabemos que isso é fundamental, que apesar de haver o serviço público, sabemos que ele ainda é deficiente. Oferecer o plano de saúde então, é fundamental, e depois vem o plano odontológico, alimentação, seguros. E há outros benefícios que são considerados intangíveis, que são horário flexível, a possibilidade de home office, tirando esse contexto da pandemia, que não há opção, óbvio.

Mas todas as organizações que conseguem oferecer um pacote de remuneração fixa, variável, benefícios aliados com o mercado e benefícios intangíveis, elas se tornam mais competitivas na questão da retenção do colaborador. E claro, aliado a uma boa gestão de pessoas, é um pacote que faz com que a pessoa decida ficar na empresa.

Quais são os efeitos e o impacto de ter um programa de benefícios, como esse que você  citou, para a marca empregadora, ou seja, o Employer Branding?

D: Os benefícios estão muito ligados ao sentimento de pertencimento, as pessoas vinculam isso com uma empresa que cuida, que faz questão que as pessoas fiquem, que pensa no futuro delas.

Hoje, temos um programa aqui chamado Bem Mais Você, feito a partir de uma pesquisa de clima de 2017, em que levantamos os principais desejos dos colaboradores sobre o que faltava. Disso, montamos um grupo multidisciplinar em que foram nascendo os programas, para valorizar a experiência do colaborador, como o Bem Mais de Casa que é o reconhecimento pelo tempo de empresa, para quem faz 10, 20, 30 anos.

O Bem Mais Tranquila, uma sala de amamentação climatizada, com geladeira esterilizada, para a mãe que retorna da licença maternidade e precisa fazer a retirada do leite materno. Temos também o Bem Mais Saudável, programa de saúde do colaborador completo, saúde física e mental, com apoio psicológico, por telefone ou presencial – especialmente agora na pandemia.

Essa série de programas faz com que o Bem Mais Você seja nosso carro chefe desses benefícios intangíveis, então assim que você recebe uma proposta, o candidato sabe que na Unimed a empresa cuida assim do colaborador.

Essa série de iniciativas são muito benéficas, visam a satisfação e foi feita a partir da escuta das pessoas. Não foi simplesmente uma tendência de mercado, que tiramos das nossas cabeças, fomos atrás para saber se fazia sentido. Agora na pandemia, flexibilizamos o transporte do colaborador, em que ele poderia usar o valor do vale transporte para usar com aplicativo, gasolina e é uma alternativa para evitar o transporte público.

Todos esses cuidados são parte de essa estratégia que compõe nosso pacote robusto de remuneração e benefícios, não que estejamos no estado perfeito, mas estamos em busca de alcançar as melhores práticas.

Vocês já foram capazes de encontrar indicadores, os famosos KPIs, dos efeitos desse pacote de benefícios?

D: Tivemos retornos positivos na pesquisa de clima, diagnósticos de cultura e na pesquisa de home office. Isso tudo aparece, assim como o relacionamento de confiança que foi construído nesse período que estavam todos em casa. Foi muito forte isso!

Não temos um indicador específico de produtividade, felicidade, porque é crítico de se construir, que tem muitas variáveis e possui fontes diferentes. Mas acho que essa escuta contínua do colaborador seja o caminho certo para seguir. As pessoas também são muito antenadas nas práticas de mercado, nos procuram de outras áreas para fazer sugestões de benefícios.

E ao implementar esses programas variados, como foi esse processo? Quais foram os obstáculos?

D: Na implementação foi a questão da viabilização, pois temos quatro unidades hospitalares, mais as unidades de centros ambulatoriais e ainda temos uma dispersão geográfica grande, que é um desafio na parte operacional.

Na parte da comunicação temos um desafio, temos que falar a mesma língua para um público que fala línguas diferentes, estão em momentos diferentes e com necessidades diferentes. Assim, também não dá pra tratar tudo de forma padronizada, precisamos promover uma escuta personalizada para respeitar as particularidades de cada área.

Outro desafio é que perdemos velocidade, as coisas nos atropelam por outras demandas e manter as agendas e não perder o timing, é um desafio importante.

Como você comentou, com o coronavírus, um dos benefícios disponibilizados e dos mais importantes foi no âmbito da saúde mental.

Como foi o planejamento e como foi o uso de desse programa por parte dos colaboradores?

É muito curioso, porque temos públicos diferentes, pessoas confinadas e pessoas que estavam na linha de frente. De qualquer maneira, foi muito bem aceita a parte do apoio psicológico, as pessoas enxergaram com muitos bons olhos, porque fez muita diferença pra elas. Um momento para as pessoas conversarem e liberarem as angústias.

Temos casos de enfermeiras sem ver os pais há 3 ou 4 meses e para protegê-los, não se veem. Pra quem está na linha de frente há medo por adoecer, mas também há muita coragem e força para enfrentar essa missão nobre. O público que está em casa tem uma angústia de quando isso vai ter fim e muitas demandas de forma rápida.

Posso classificar este momento como uma nova vivência, seja pra quem estava na linha da frente, quanto para quem estava em casa, contribuindo, apoiando, mas também sem saber o que ia acontecer, lidando com família, filhos, e ainda mais as mulheres, com jornadas triplicadas.

Historicamente falando, é um momento único em que vamos ficar marcados para sempre. Foi aprendizado, valorização. Nos primeiros dias de retorno para o escritório, a sensação era de chorar, havia muita emoção nos olhos das pessoas.

Eu vi uma alegria muito genuína, de estar de volta e começar ver um fim para isso. Acho que foi transformador. Serviu para que enxergássemos muitas coisas pensando pelo lado de humanidade. Para refletir o que você valoriza e coloca em primeiro lugar.

Sim, é algo que todos concordam contigo quando converso com outras pessoas da área de RH e sobre essas mudanças diante daquilo que nunca lidaram na vida. Ainda mais em no departamento de RH, a questão do cuidado humano.

D: Nunca fez tanto sentido. Já trabalhei em lugares no passado que a gestão de pessoas era uma coisa paralela, à parte. Mas com o passar dos anos, tudo foi se transformando. É indiscutível a importância da gestão de pessoas, o cuidado com as pessoas. A Unimed como empresa de saúde, tem a palavra cuidado está no DNA. Foi um aprendizado sem igual, nem tenho nome para chamar 2020, mas acho que ele foi transformador.

Por último, na questão de benefícios que surgiram e se reinventaram nesta época, o que você acha que vai fazer a diferença para um colaborador no futuro?

Acredito que a flexibilidade de horário, ter a possibilidade de ter home office por alguns dias da semana. Foi também algo que a gente já tinha iniciado no ano passado. Tínhamos tudo organizado e tínhamos feito um piloto quando estendemos para todo mundo.

Essa possibilidade de conciliar a vida pessoal com o trabalho mais de perto, isso tudo é um benefício intangível e um salário emocional que as pessoas darão mais valor. Um tipo de flexibilização de benefícios que priorizam a qualidade de vida e a saúde das pessoas. Fico feliz de estar em uma empresa que enxerga e prioriza isso dessa forma.

Agradecemos muito a participação da Denise Brasil aqui no nosso blog! Desejamos muito sucesso para ela e a Unimed BH! :)

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